Estapar vive crise de credibilidade na região: Americana suspende contrato e Santa Bárbara também enfrenta série de reclamações

Os desdobramentos envolvendo a Estapar, empresa responsável pela operação do estacionamento rotativo em diversas cidades do país, ganharam força na região nos últimos meses e chegaram agora ao ponto mais crítico: a suspensão do contrato em Americana a partir de janeiro de 2026. A decisão do prefeito Chico Sardelli, baseada em indícios de irregularidades constatados por uma comissão técnica, amplia o debate sobre a qualidade do serviço prestado e coloca em evidência um problema que não se limita a Americana. Em Santa Bárbara d’Oeste, a população também vem questionando a atuação da empresa, relatando práticas consideradas abusivas e uma postura que muitos classificam como “punitiva” e distante da finalidade pública do sistema.

Em Americana, o estopim veio após a circulação de um vídeo mostrando um veículo equipado com câmeras circulando pela região central, supostamente realizando fiscalização da Área Azul — uma prática proibida pelo próprio contrato. A partir desse episódio, uma comissão analisou documentos, registros digitais e imagens, chegando à conclusão de que havia indícios robustos de descumprimento contratual. O resultado: suspensão do contrato e ingresso de ação judicial para produção antecipada de provas.

Mas não é somente Americana que enfrenta problemas. Em Santa Bárbara d’Oeste, a Zona Azul tem sido alvo de questionamentos constantes por parte de moradores, comerciantes e membros do Legislativo. Entre as principais reclamações estão a ausência do tempo mínimo de tolerância previsto em lei, autuações aplicadas imediatamente após o veículo estacionar e relatos de que a fiscalização se tornou mais rígida do que o necessário, gerando uma sensação de que o sistema funciona mais como uma “máquina de multas” do que como um instrumento de organização urbana.

Comerciantes barbarenses afirmam que muitos clientes evitam ir ao Centro justamente para não correr o risco de serem multados, o que impacta diretamente o funcionamento do comércio local. Além disso, usuários relatam problemas com o sistema de compra de créditos, dificuldade no atendimento e falta de transparência nas notificações.

O contraste entre a finalidade do serviço e a percepção da população é evidente. A Zona Azul deveria garantir rotatividade, organização e fluidez no trânsito de áreas centrais, mas em ambas as cidades crescem as críticas de que a execução do serviço acabou se distanciando desses objetivos. Em Americana, o processo de investigação se transformou em um caso emblemático — uma demonstração de que a Prefeitura não está disposta a tolerar práticas que rompam a confiança contratual. Já em Santa Bárbara, a pressão popular e política aumenta, pedindo explicações, mudanças e mais respeito ao usuário.

A crise enfrentada pela Estapar na região abre um debate mais amplo: até que ponto municípios devem repensar o modelo de concessão do estacionamento rotativo? E qual deve ser o limite para empresas que prestam um serviço público, mas adotam métodos que a população considera abusivos?

Americana deu o primeiro passo ao suspender o contrato e acionar a Justiça. Santa Bárbara d’Oeste pode ser a próxima cidade a tomar providências mais firmes, caso as reclamações continuem crescendo.

O fato é que a confiança no sistema está abalada. E, sem confiança, nenhum serviço público — mesmo quando operado pela iniciativa privada — consegue cumprir sua função social.

O Portal Voz da Americana seguirá acompanhando os próximos desdobramentos.